Category Archives: Bonsai

Recomeçar…

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Acabo de chegar de férias, ainda me restam alguns dias para disfrutar da boa vida, mas é neste “break” que normalmente inicio um “novo ano” e é nesta altura que faço uma longa introspecção de forma a ver o que correu bem e o que correu mal de forma a enfrentar os desafios dos próximos 12 meses com os objectivos bem definidos, não só no que remete a Bonsai mas na minha vida em geral.

Falando de Bonsai, estas férias/instrospecção não podia calhar numa melhor altura, estamos no final do Verão a caminho do Outono que é das épocas mais importantes para as nossas árvores, muito trabalho pela frente e encontro-me mais motivado que nunca, a paixão pela arte segue em crescendo, a vontade de evoluir é cada vez maior e o entusiasmo para continuar a percorrer o meu percurso é muito grande.

Passado 5 anos, encontro-me a “Recomeçar” a minha colecção, é algo que foi tomando forma nos últimos meses e que em nada estava planeado, sairam algumas árvores, entraram outras, apaixonei-me por novas espécies e quando dei por mim, a redução de colecção que tinha iniciado há 2 anos passou de uma “Redução” para um “Recomeço”.

Este “Recomeço” é um novo ciclo sem esquecer o que construí, aprendí e viví nestes últimos 5 anos, aliás é a bagagem de amigos e experiências que me deixa mais motivado do que nunca para recomeçar…

Prunus “Ikiryō” Mahaleb

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Ainda em casa do Alberto Baleato.

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Workshop com Maria João Simões.

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Trabalho de madeira morta, manual e com máquina.

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Última modelação.

Este Prunus Mahaleb está comigo há cerca de 1 ano, durante este tempo foi trabalhado num Workshop com a Maria João Simões, posteriormente realizei juntamente com o Sandro o trabalho de madeira morta e neste último fim-de-semana voltou a ser aramado e modelado. Estou muito satisfeito com o trabalho realizado até ao momento e com a resposta da árvore, para o ano será transplantado para um vaso de Bonsai e daí continuará o seu longo caminho.

生霊 – ikiryō – 生 (living) +霊 (spirit) – Ikiryō is a specific term for a person who releases their ghost-energy while still alive. It is a rare manifestation, seen mainly in The Tale of Genji.

The Tall One & Peter Adams

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Fotografia tirada, para a colocar à venda.

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Após a definição e limpeza da veia viva e limpeza da madeira morta.

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Desenho original do Peter Adams.

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Desenho do Peter Adams modificado e actualizado por mim para o projecto da “Tall One”.

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Nota de Peter Adams para o vaso.

É esta a beleza do Bonsai é esta a beleza da Vida. Quando a semana passada coloquei 3 Sabinas à venda a “Tall One” estava entre essas 3, na verdade foi a primeira Sabina que comprei ao Alberto (ou a segunda!) e para ser sincero já não me lembro quando lhe perdi o interesse. Inicialmente era um duplo tronco com diversos problemas e a árvore foi separada em duas pois não existia maneira de fazer um desenho credível de duplo tronco devido à ausência total de um nebari visível e comum.

Ao longo do tempo fui-me habituando a vê-la no viveiro, primeiro como duplo tronco e depois como uma árvore isolada, nos último 2 anos sofreu 2 transplantes de emergência devido a ter voado duas vezes para o chão devido a duas tempestades e quando a phytophthora atacou o viveiro, foi das árvores mais afectadas, estive prestes a perde-la, mas a verdade é que recuperou em força e hoje é das Sabinas mais vigorosas que tenho.

No último feriado juntamente com o Pedro Telmo, decidi trabalha-la, o objectivo era limpar e definir a veia viva e posteriormente limpar a madeira morta para brevemente receber uma boa dose de liquido Jin, mas a verdade é que enquanto a trabalhava pouco a pouco ia-me voltando apaixonar por ela, como se ao longo do trabalho me fosse lembrando de todas as coisas que me fizeram adquiri-la e do percurso que realizei nesta arte, dos projectos entusiasmantes que tinha inspirados nos desenhos que o Peter Adams tinha feito para ela num artigo da Bonsai Focus…

No último dia perdi a noção do tempo que gastei a olhar para ela, sentia-me verdadeiramente hipnotizado e hoje quando cheguei a casa, fui rever os desenhos originais do Peter e foi ai que encontrei um propósito muito especial para este projecto, uma homenagem a um grande Senhor do Bonsai, Peter Adams que já não se encontra entre nós. Com os devidos ajustes, vou seguir um dos projectos que o Peter desenhou para esta árvore e vou fazer até questão de seguir as indicações do próprio vaso.

E num abrir e piscar de olhos, a “Tall One” deixou de estar à venda.

Árvores para venda / Trees for sale * VENDIDO/SOLD

Juniperus Sabina “Ryuhyou” * VENDIDO/SOLD
Years on pot: 5 years
Last Repot: March 2014*
More info: https://itoigawa.wordpress.com/2010/12/05/sabina-ryuhyou/

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Juniperus Sabina “Shiryo” * VENDIDO/SOLD
Years on pot: 5 years
Last Repot: March 2014*
More info: https://itoigawa.wordpress.com/2011/02/26/nova-sabinas/

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*Tanto a Ryuhyou como a Shiryo foram recentamente transplantadas, desta forma só após ter boa respostas da árvores é que as mesmas estarão disponíveis. / Both Ryuhyou and Shiryo were recently repotted, so only after they respond well will they be available.

Para mais informações sobre as árvores por favor contactem-me por e-mail karpakoi@gmail.com / For more info on the trees please contact me by e-mail karpakoi@gmail.com

Uro

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Os trabalhos na Prunus continuam, desta vez havia a necessidade de desenvolver um Uro para resolver um corte grande na base, existiam diversas soluções para este corte e ao longo da última semana pensei muito sobre a solução estética, pois queria uma solução que se adaptasse a esta árvore especificamente.

Trabalhar em madeira verde é muito mais complicado, as fresas entram muito mais facilmente mas não definem tão bem e a quantidade de serrim absurda torna difícil ver o que estamos a fazer. Nesta primeira fase apenas quis desbastar e definir o desenho em si, desenvolvi um uro que é aberto de lado de forma a ligar com o shari anteriormente desenvolvido. Possivelmente no próximo fim-de-semana irei queimar o Shari e o Uro, passar com escova de arame e dar liquido Jin e refinar alguns cortes e detalhes e ai sim espero dar os trabalhos por concluídos…por agora.

As fotografias não fazem justiça ao trabalho desenvolvido, porque perdemos a noção da profundidade, mas servem para registar mais um passo desta árvore no seu caminho.

Prunus Workshop

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Desde Outubro que não escrevo no blog, mas não escrevo pela melhor das razões, pois tenho estado junto das minhas árvores, os trabalhos tem sido intensos e regulares, este é sem dúvida o ano que mais trabalhei nas árvores desde que me iniciei nesta arte e até final de Fevereiro ainda há muito trabalho a fazer. Mas isto é um tema que regressarei mais à frente, pois tenho como objectivo fazer um apanhado de todos os trabalhos feitos nesta época e publicá-los aqui no Blog.

A foto que publico foi do workshop no último fim-de-semana com a Maria João Simões na companhia do Sandro Pereira, onde tivemos a trabalhar sobre o Prunus que tinha adquirido há 1 ano atrás. A árvore tem 2 anos e meio de recuperação, tinha respondido muito bem na última época de crescimento e estava preparada para ser trabalhada.

Primeiro trabalhei toda a madeira morta juntamente com o Sandro e no último fim-de-semana tivemos um workshop com a Maria João para realizarmos a modelação, escusado será dizer que foi mais uma experiência fantástica, adoro discutir estética e trabalhar nas árvores junto da Maria, o Sandro mostrou-se à altura do desafio e com muito trabalho conseguimos concluir a primeira modelação deste Prunus.

Ainda falta algum trabalho nesta árvore, é preciso resolver o corte na base, aprimorar alguns detalhes de madeira morta, passar fogo e aplicar liquido Jin, espero conseguir finalizar os trabalhos no próximo fim-de-semana de forma a deixar a árvore descansar e esperar pela Primavera.

Sendo este o meu primeiro post de 2014, aproveito para desejar a todos um excelente ano.

Teixos, Tejos, Taxus…

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A minha admiração por Teixos tem vindo a aumentar e após a última visita ao Alberto Baleato sai de lá verdadeiramente doente com alguns exemplares que vi, tanto que decidi que a minha próxima compra seria mais um Teixo. Desta vez queria uma árvore de porte maior e com outras características pois já tinha adquirido o Spikey ao Tony Tickle. Procurei muito, explorei todas as opções para adquirir algo de qualidade mas foi curiosamente (ou não!) no Alberto que encontrei esta peça pela qual fiquei fascinado.

Estou ansioso para que chegue ao viveiro, para me perder no tempo enquanto a admiro.

Spikey “Sand Blast”

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E já passaram 2 anos desde que adquiri este Teixo ao Tony Tickle, se ao principio me custou deixar a árvore por terras da nossa majestade para ser desenvolvido todo o trabalho de madeira morta, a verdade é que o tempo voou e estou muito contente com o resultado do trabalho feito no “Spikey”.

A árvore foi inicialmente trabalhada com goivas e posteriormente refinada com jacto de areia, o resultado está simplesmente fenomenal. Só tenho pena que a logística que envolve o jacto de areia seja tão complexa, pois a verdade é que se fosse mais simples garantidamente aplicaria esta técnica de forma frequente em algumas madeiras mortas que tenho trabalhado.

A árvore está agora a caminho de Portugal e deve chegar entre esta e a próxima semana, estou ansioso por receber esta peça no viveiro para dar continuidade ao trabalho já desenvolvido.

Deixo abaixo todos os artigos que escrevi nestes últimos dois anos sobre esta árvore:

Actualização “Spikey”
Transplante “Spikey”
Taxus “Spikey”

Regas & Palitos

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Uma das primeiras dicas que recebi como Bonsaísta, foi utilizar um palito para controlar as regas, colocava um palito espetado no solo e diariamente retirava o palito para sentir a humidade com os meus dedos, se estivesse próximo de seco regava, se tivesse húmido não regava. À partida parece algo muito simples e meio amador, mas a verdade é que funciona e ajudou-me a mim a entender os ritmos das minhas diferentes árvores e a mantê-las vivas sem as matar por excesso de água (que é a causa mais comum pelos quais os iniciados no Bonsai matam as suas árvores).

Com o tempo, temos tendência a perder alguns hábitos e os palitos foram desaparecendo dos meus vasos, simplesmente tinha a ideia que os palitos já me tinham ensinado o suficiente e que estava na altura de evoluir, desta forma tocando e observando o solo e a própria árvore tomava a decisão de regar ou não. No Verão quando o calor apertava (+30ºC) a camada superior do solo secava rapidamente, remexia a terra sentia que estava seco e optava por regar, muitas vezes chegava a fazer 2 regas diárias.

Mas existiu sempre algo que me intrigou, pois sempre que transplantei uma árvore, por mais seco que a camada superior do solo estivesse o centro junto ao bolo de raízes estava sempre extremamente húmido, com água mais do que suficiente para alimentar a árvore, pois as árvores absorvem a humidade do solo, não bebem propriamente copos de água.

Após ter sofrido um grande ataque de phytophthora o ano passado, foi altura de rever todos os meus processos de cultivo, incluindo a própria rega e foi ai que tomei a decisão de voltar a colocar palitos em todas as minhas árvores para fazer um controlo muito mais detalhado dos níveis de humidade e desta forma conseguir ter uma rega muito mais acertada.

Actualmente estou a regar metade do que regava, mesmo em pleno Verão com temperaturas acima dos 30ºC chego a fazer regas de 2 em 2 dias (à excepção de Shohins e Plantas de Acompanhamento), a parte superior do solo está seca, mas ao retirar os palitos consigo entender que logo abaixo os níveis de humidade são altíssimos e que não há qualquer necessidade de as regar. As árvores têm respondido muito bem a este novo regime de rega, apresentando um ar muito mais saudável e crescimentos muito mais vigorosos.

Quanto aos palitos mágicos, na verdade deixaram de ser palitos, neste momento estou a utilizar paus de espetada pois tenho alguns vasos grandes onde necessito de algo com mais dimensão, outra opção que também me parece bastante válida e provavelmente um bocadinho mais interessante esteticamente são os pauzinhos de gelado.

Dependendo da nossa localização, à zona do viveiro, ao tipo de solo utilizado e ao tamanho dos vasos, todas as árvores vão ter ritmos diferentes de rega, mas comprem uns palitos, paus de espetada ou pauzinhos de gelado, experimentem e digam coisas, acredito que muito provavelmente vão ficar surpreendidos com os resultados.

O Tabu do Cultivo

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Para muitos Bonsaístas, falar de Cultivo é quase um assunto Tabu é um segredo quase tão bem guardado como a receita da Coca-Cola e poucos são aqueles que abrem a porta para falar sobre as suas receitas, métodos de preparação e ritmos de aplicação. Quando me iniciei nesta arte foram diversas as pessoas que ouvi afirmarem em alto e bom som que as árvores só precisavam de “Sol, Água e Adubo e o resto era conversa”. Hoje pensando sobre o assunto, provavelmente eles não estavam totalmente errados, mas chego à conclusão que o resto da conversa é que era bastante extensa e complexa.

Na verdade é até compreensível a maneira como estes segredos são guardados “religiosamente”, pois muitas destas “receitas” passam por anos e anos de testes, muito trabalho e dedicação para alcançar uma fórmula de sucesso e muitos não estão dispostos a partilhar abertamente aquilo que tanto lhes custou a descobrir.

Muitos profissionais chegam a ter receitas extremamente evoluídas com aplicações semanais, com mais de 10 produtos no cardápio, desta forma conseguem evitar rotinas saturantes para as árvores, fazendo assim com que elas respondam sempre bem aos produtos aplicados pois a repetição do mesmo produto é espaçada no tempo.

Ao longo destes últimos 4 anos, tenho construido o meu próprio Cultivo com a ajuda da Maria João Simões e do Alberto Baleato e estando longe de ter a minha “receita” fechada, decidi partilhar 3 dos 6 produtos do meu cardápio que estou actualmente a utilizar quinzenalmente com resultados que me agradam muito.

Ácido Húmico
Artigo Bonsai Menorca
O ácido húmico actua como um potenciador de assimilação de nutrientes e estimulante.

Podem adquirir Ácido Húmico através da Maria João Simões.

Biorend
Artigo El Tim
Estimula o crescimento da massa verde e das raizes assim como puxa pela coloração.

Podem adquirir Biorend através do Alberto Baleato.

Glucose Anhidra
Artigo El Tim
Estimulante.

Desta forma acrescento “Sol, Água Mineral, Adubos, Ácidos Húmicos, Biorend, Glucose Anhidra e o resto é Conversa”.

4º ano

Viveiro 2013

Nem dá para acreditar, já passaram 4 anos desde que me iniciei nesta arte, o percurso continua a ser super interessante e cada dia que passa aprendo mais alguma coisa, mas a verdade é que passaram 4 anos e continuo a sentir que pouco ou nada sei. Sou regularmente confrontado com novos desafios que me forçam aprender mais para os conseguir superar. Mas a verdade é que estes desafios constante são os responsáveis por esta verdadeira paixão.

Este ano quero agradecer publicamente a pessoas como Maria João Simões que continua a ser uma das pessoas mais importantes nesta minha caminhada, Luis Cunha por ser das pessoas com quem mais me identifico, Viriato Oliveira por estar constantemente a puxar por mim e ao Alberto Baleato por ao longo dos anos demonstrar uma disponibilidade enorme para me ajudar sempre que necessitei. Obrigado a todos, pois sem vocês não estaria onde estou.

Juniperus Sabina

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Há cerca de 3 anos atrás, comecei a coleccionar Juniperus Sabinas, sempre fui e continuo a ser fascinado por Juniperus e as Sabinas eram na realidade o caminho mais curto para adquirir material de qualidade na Europa sem ter de ficar refém de um bom Itoigawa importado que me custaria uma verdadeira fortuna. Avaliei a espécie e tanto a massa verde como a estética da madeira morta cumpriam em absoluto todos os meus requesitos, dessa forma apostei todas as minhas “fichas” na espécie e fui ao longo deste três anos coleccionando peças de qualidade pelo qual me fui apaixonando.

Ao falar com a maior parte das pessoas, todos me informavam que as Sabinas eram muito idênticas aos Itoigawas, não só a nivel de massa verde que tinham alta qualidade como a nivel de madeira morta, adoravam Sol e como todos os Juniperus adoravam humidade, que na minha zona não teria qualquer problema com a espécie. A experiência que tinha com Juniperus na altura eram dois pequenos Itoigawas de viveiro que estavam comigo à cerca de 1 ano e meio e não tinha tido qualquer problemas com eles, por isso tudo apontava para que as minhas fichas tivessem sido apostadas no “cavalo certo”.

Passado quase 4 anos, começo a tirar algumas conclusões em relação às Sabinas e embora estas conclusões possam ser precipitadas (pois venho de uma longa luta contra a Phytophthora) não há nada como “Viver e Aprender” e deixar aqui mais um passo no meu percurso no mundo do Bonsai, pois nos erros também se encontra muita sabedoria e quem sabe daqui a uns anos se estarei aqui a discordar de mim mesmo, isso significava apenas que tinha aprendido algo ao longo da minha viagem com as árvores.

Tendo em conta as características do sitio onde habitam originalmente estes Juniperus no Norte da Europa, a Caparica pouco ou nada tem a ver, estou bem mais a Sul, as temperaturas são seguramente mais altas o ano inteiro, os níveis de humidade mesmo estando relativamente perto do mar não são sequer comparáveis e a exposição ao Sol é bem mais prolongada, o que há partida não seria um problema.

Há 3 anos atrás quando coloquei as minhas Sabinas no viveiro, a maior parte delas tinha um verde absolutamente perfeito, chegadas da Galiza grande parte delas trazia um verde brilhante simplesmente fantástico que se batia com os melhores Itoigawas que tinha visto, optei por as colocar na zona mais solarenga do meu viveiro, seguindo todos os conselhos e mais alguns para dar a estas árvores as melhores condições. Passado 3 anos e mesmo com a descoloração tipica da Phytophthora (que não ajuda certamente à festa) começo a discordar sobre as Sabinas adorarem assim tanto o Sol.

Uma destas Sabinas que sofreu uma descoloração acentuada, esteve virada para o mesmo lado cerca de 3 anos (devido à disposição da massa verde) o lado virado ao sol não estava certamente com o melhor verde e já não se batia com os melhores Itoigawas, à partida culpei de penalty  a praga que tinha asolado o meu viveiro, mas quando decidi virar a árvore (já nem sei bem porque!) não poderia ter uma surpresa maior, toda a parte que tinha estado praticamente à sombra durante 3 anos, tinha um verde absolutamente de sonho, estava extremamente vigoroso e transpirava saúde. Rapidamente comecei a tentar identificar o mesmo padrão nas outras Sabinas e todas corresponderam, o lado onde apanhavam mais Sol, não era o lado mais vigoroso, enquanto o lado com menos sol estava com um verde muito mais interessante.

E foi ai que juntei mais algumas peças do Puzzle, algo que sempre identifiquei nas minhas Sabinas era que o interior da folhagem estava sempre com um verde mais interessante, a minha suposição era que nessas zonas a árvore conseguia guardar mais humidade logo tinha outro vigor, juntando a outra peça do Puzzle chego à conclusão que nessas zonas a massa verde tem uma exposição ao Sol muito menor.

Neste momento estou a passar as minhas Sabinas para zonas menos solarengas do meu viveiro e borrifo as minhas árvores regularmente à noite com água mineral (Garrafão de 5L 0,55€), até ao momento os resultados parecem-me ser positivos, mas ainda tenho um longo caminho pela frente para chegar a algo que se possa chamar de “Conclusão”. Este Verão também tenho como plano acrescentar mais rede ao restante viveiro para as proteger do Sol. (Questiono-me se essa é uma das razões que leva o Enrico Savini a ter todos os seus Juniperus e alguns Pinheiros debaixo de rede.)

E os Itoigawas perguntam vocês? Pois bem, tenho 3 Itoigawas, um deles o Odoriko que veio do Japão e os 3 não poderiam estar mais vigorosos, um verde fantástico, um vigor exemplar e não reclamam nem falta de humidade nem excesso de Sol. Questiono-me se esta versatibilidade e resistência não são uma das razões para serem tão populares a nível Mundial.

Por agora não há muito mais a dizer sobre as Sabinas, há que continuar a trabalhar e a manter um cultivo aprumado e esperar resultados das novas condições e técnicas que lhes estou a dar. Só o tempo dirá se a descoloração é da Phytophthora, da minha azelhice ou se afinal tenho uma pontinha de razão. Viver e aprender.